ATA DA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA DÉCIMA SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 28.01.87.

 


Aos vinte e oito dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Segunda Sessão Ordinária da Décima Sessão Legislativa Extraordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, André Forster, Aranha Filho, Auro Campani, Brochado da Rocha, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Elói Guimarães, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, Jorge Goularte, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Mendes Ribeiro, Paulo Sant'Ana, Raul Casa, Teresinha Chaise, Valdomiro Franco, Werner Becker e Ana Godoy. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou ao Ver. Jorge Goularte que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da Primeira Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. André Forster, 01 Pedido de Providências, solicitando que seja alterada a localização de um bueiro na Rua Jacipuia, em frente ao n.º 81; pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, 01 Pedido de Providências, solicitando limpeza do valo da Estrada Juca Batista até o triângulo da Estrada Retiro da Ponta Grossa; pelo Ver. Aranha Filho, 02 Pedidos de Providências, solicitando que o Órgão Executivo agilize a demolição e o aproveitamento do material que lhe foi doado com o desfazimento dos prédios n.ºs 102, 104, 112, 114 e 120, localizados na Rua Santo Antônio, Centro de Porto Alegre; que o Órgão Executivo realize contrato de experiência com empresas da iniciativa privada para a execução dos serviços de capina e limpeza dos logradouros, bem como a conservação dos nossos monumentos públicos; pelo Ver. Caio Lustosa, 02 Pedidos de Providências, solicitando que seja realizado imediato estudo global, com adoção das medidas necessárias, sobre os repetidos alagamentos da Av. Protásio Alves, no trecho compreendido entre as Ruas Domingos José de Almeida e São Vicente, fronteiro à Escola Estadual de 1º e 2º Graus Rio Branco e o Colégio Israelita Brasileiro; substituição de lâmpadas e melhorias na iluminação pública na Rua Alcides Cruz, principalmente entre a Av. Protásio Alves e a Rua Dona Eugênia; pelo Ver. Hermes Dutra, 01 Pedido de Providências, solicitando patrolagem da Estrada de acesso à Ilha Grande dos Marinheiros, a partir do denominado Motel da Ilha; 01 Indicação, sugerindo ao Sr. Governador do Estado a instalação de um Posto Policial da Brigada Militar, na Rua Dolores Duran ou proximidades, na Vila Esmeralda (Lomba do Pinheiro); pelo Ver. Isaac Ainhorn, 01 Pedido de Providências, solicitando que a SMIC e SMAM providenciem uma efetiva fiscalização dos estabelecimentos comerciais (barzinhos) em atividade no Bairro Bom Fim; pelo Ver. Luiz Braz, 03 Pedidos de Providências, solicitando colocação de sinaleira na esquina da Av. Bento Gonçalves com a Rua Guilherme Alves; reposição de lâmpada quebrada na Av. Vicente Monteggia, junto ao n.º 1559; colocação de uma sinaleira para pedestres na Av. Ipiranga de fronte ao Supermercado Zaffari; pelo Ver. Rafael Santos, 02 Pedidos de Providências, solicitando que seja determinado, de imediato, estudo da relocalização dos limites do Bairro Chácara das Pedras, enquadrando-o na UTR 01 a exemplo do Bairro Três Figueiras; que sejam determinadas, com urgência, as necessárias medidas visando à imediata reposição salarial do funcionalismo público municipal; pelo Ver. Raul Casa, 01 Pedido de Providências, solicitando que o Executivo Municipal, através da Divisão de Iluminação Pública - SMOV, providencie na substituição de lâmpadas queimadas na Rua Dr. Pereira Neto, de fronte ao n.º 225 e no início da Rua, no Bairro Tiradentes; pela Ver.ª Teresinha Chaise, 01 Pedido de Providências, solicitando terraplenagem nas Ruas B, Vila Progresso e Rua F, Vila Vargas. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios n.º 03/87, do Sr. Assessor Especial do Governo do Estado; 06/87, do Sr. Vice-Prefeito em exercício; 09; 11/87, do Sr. Chefe da Casa Civil; 11/87, do Sr. Subchefe da Casa Civil para Assuntos do Interior; 01/87, da Sra. Diretora do Arquivo Histórico do Município de Porto Alegre; 11/87, do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Rio Grande do Sul; Ofícios Circulares n.ºs 01/87, do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Tuparendi; 02/87, do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Cachoeira do Sul. Após, constatada a existência de “quorum”, foram aprovados os seguintes Requerimentos: da Ver.ª Bernadete Vidal, de Voto de Congratulações com o Dr. Marco Antonio Bertoglio, pela sua posse na nova Diretoria da ACERGS - Associação de Cegos do Rio Grande do Sul; do Ver. Caio Lustosa, de Voto de Congratulações com Carlos Aveline - Presidente da AGAPAN - São Leopoldo/RS, por ter sido designado membro integrante da Mesa Diretora do Centro de Ligação para o Meio Ambiente; do Ver. Frederico Barbosa, de Voto de Pesar pelo falecimento de Antonio Ricardo de Medeiros e de Alfeu Costa; do Ver. Hermes Dutra, de Voto de Congratulações com o Administrador Heroni de Assunção Jaques, pela sua eleição como Presidente do Conselho Federal de Administração; do Ver. Isaac Ainhorn, de Voto de Pesar pelo falecimento de Magda Guimarães Miranda; do Ver. Jaques Machado, de Voto de Congratulações com a RBS, por doação ao Hospital da Criança Santo Antônio; de Voto de Pesar pelo falecimento de Mariana Kappel Comerlato; do Ver. Mano José, de Voto de Pesar pelo falecimento de Wenceslau Antunes; do Ver. Nei Lima, de Votos de Congratulações com os Municípios de Guarani das Missões, Bom Retiro do Sul e Campo Bom, pela passagem de seus aniversários de emancipação política; de Voto de Pesar pelo falecimento de João Carlos Silva; do Ver. Raul Casa, de Voto de Pesar pelo falecimento do Desembargador Celso Afonso Soares Pereira; da Ver.ª Teresinha Chaise, de Voto de Congratulações com a Srta. Maria Balbina Alves, da Academia de Samba Praiana, pelo título conquistado de Rainha do Carnaval de Porto Alegre de 1987; do Ver. Werner Becker, de Voto de Pesar pelo falecimento do Sr. Manoel Tavares da Silva. Ainda, foram aprovados os seguintes Pedidos de Informações: do Ver. Antonio Hohlfeldt, acerca do alvará existente, se existente, em nome da empresa Argamassa Tupy ou semelhante, situada na Av. Aureliano de Figueiredo, esquina com a Travessa Pesqueiro e da existência ou não de contrato de cessão, comodato ou aluguel do terreno municipal no qual se encontra localizada; acerca da existência ou não de algum Plano de Preservação do Ambiente Natural de Porto Alegre elaborado pela Secretaria do Planejamento Municipal; do Ver. Caio Lustosa, acerca do número e da localização dos chamados Bancos “24 Horas” no Município; do Ver. Hermes Dutra, acerca das linhas de ônibus atualmente operadas pela Cia. Carris Porto-Alegrense; do Ver. Hermes Dutra, acerca das pessoas designadas para exercer Assessoria Municipal; do Ver. Ignácio Neis, acerca do convênio entre o Hospital de Pronto Socorro - HPS - e o Lyons Clube para a aquisição de ambulâncias tipo “Mini-UTI”. Ainda, foram aprovados os seguintes Requerimentos: da Ver.ª Jussara Cony, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no período de vinte e oito a trinta do corrente mês; do Ver. Rafael Santos, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no período de vinte e oito a trinta e um do corrente mês; do Ver. Isaac Ainhorn, solicitando a realização de uma Sessão Solene, no mês de março, dedicada a homenagear José Pedro Goulart e Jorge Furtado Filho, em razão da premiação obtida pelo filme curta-metragem “O Dia em Que Dorival Encarou a Guarda”, premiado no Festival de Cinema da Espanha e, posteriormente, no Festival de Havana, em Cuba. Em continuidade, o Sr. Presidente declarou empossados na Vereança os Suplentes Flávio Coulon, em substituição à Ver.ª Jussara Cony, e Wilson Santos, em substituição ao Ver. Rafael Santos e, informando que S.Exas. já prestaram compromisso legal nesta Legislatura, ficando dispensados de fazê-lo, comunicou-lhe que passariam a integrar, respectivamente, as Comissão de Saúde e Meio Ambiente e de Economia e Defesa do Consumidor. Após, a Sra. Secretária apregoou o recebimento de Substitutivo do Ver. André Forster ao Projeto de Lei do Executivo n.º 05/87. Na ocasião, o Sr. Presidente respondeu Questão de Ordem do Ver. André Forster, acerca da inscrição de Parlamentares para discussão no período de Pauta; dos Vereadores Ignácio Neis e Isaac Ainhorn, acerca da votação de Requerimentos durante o período da presente convocação extraordinária. Em EXPLICAÇÃO PESSOAL, o Ver. Hermes Dutra analisou a atual situação econômica brasileira e criticou o posicionamento do PMDB frente à questão. Condenou os estoques de bens de consumo e a especulação que vem sendo feita pelos empresários do setor. O Ver. Mano José discorreu sobre os Projetos de Lei do Executivo que reajustam as tarifas do transporte coletivo em Porto Alegre. Defendeu a idéia de que esse reajuste deva ser decidido pelo Executivo e não pelo Legislativo Municipal, tendo em vista não possuir esta Casa a infra-estrutura necessária. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Clóvis Brum reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Hermes Dutra, em que é criticada a política econômica do Governo Federal, analisando o assunto e destacando os problemas que eram observados na Velha República, no que se refere à falta de democracia e liberdade no País. O Ver. Mano José falou acerca do pronunciamento, de hoje, do Ver. Clóvis Brum, em que são tecidas críticas à Velha República, salientando que vários integrantes do atual Governo Federal participaram daquele período tão criticado por S.Exa. E o Ver. Cleom Guatimozim comentou o movimento que vem sendo realizado pelos agricultores gaúchos em protesto à política agrícola do Governo Federal, solidarizando-se com as reivindicações da classe rural. Ainda, em EXPLICAÇÃO PESSOAL, o Ver. Isaac Ainhorn reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Cleom Guatimozim, acerca do movimento dos agricultores gaúchos em protesto à política agrícola federal, tecendo comentários sobre os graves problemas financeiros enfrentados pela categoria. O Ver. Adão Eliseu teceu comentários sobre o quadro econômico apresentado pelo País, criticando o Plano Cruzado e salientando os perigos que representam as constantes modificações que tem sido feitas no mesmo. E o Ver. Elói Guimarães discorreu sobre o movimento que estão realizando os agricultores gaúchos, dizendo estar o atual Governo Federal praticando políticas semelhantes àquelas praticadas pelos Governos da Velha República. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às quinze horas e quarenta e quatro minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária, a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Teresinha Chaise, Luiz Braz e Gladis Mantelli, e secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli e Frederico Barbosa. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 


A SRA. PRESIDENTE: Havendo número legal, declaro abertos os trabalhos da presente Sessão.

Solicito ao Sr. Jorge Goularte que proceda à leitura de trecho da Bíblia.

 

O SR. JORGE GOULARTE: (Lê.)

“Não repitas jamais um boato, e não sofrerás disso dano algum.

Não o contes nem a amigo nem a inimigo, e a não ser que incorras em culpa, nada reveles;

doutra sorte, aquele que te ouvir, precaver-se-á a teu respeito.”

 

A SRA. PRESIDENTE: A Sra. 1ª Secretária procederá a leitura da Ata da Sessão anterior.

 

(A Sra. 1ª Secretária lê.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Em votação a Ata. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

A Sra. 1ª Secretária dará conhecimento ao Plenário das proposições encaminhadas à Mesa, hoje, pelos Srs. Vereadores.

 

A SRA. 1ª SECRETÁRIA: À Mesa foram encaminhadas proposições pelos Srs. Vereadores (passando a ler) André Forster (01), Antonio Hohlfeldt (01), Aranha Filho (02), Caio Lustosa (02), Hermes Dutra (02), Isaac Ainhorn (01), Luiz Braz (03), Rafael Santos (02), Raul Casa (01) e Teresinha Chaise (01).

É só, Sra. Presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE: Sobre a mesa, Requerimento de autoria da Ver.ª Jussara Cony, solicitando licença para tratamento de saúde de 28 a 30 de janeiro.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Solicito aos Srs. Líderes de Bancada que introduzam no Plenário o Sr. Flávio Coulon Suplente pelo PMDB, que irá assumir a Vereança em substituição à Ver.ª Jussara Cony, que se encontra licenciada.

 

(O Sr. Flávio Coulon dá entrada ao Plenário.)

 

Convido o Sr. Flávio Coulon a tomar assento em sua Bancada e informo ao Plenário que, já tendo S.Exa. prestado compromisso regimental nesta Legislatura, fica dispensado de repeti-lo nesta oportunidade, nos termos do s 2º, do art. 5º, do Regimento Interno.

Declaro empossado o Sr. Flávio Coulon e informo que S.Exa. deverá integrar a Comissão de Saúde e Meio Ambiente.

Ainda, sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Rafael Santos, solicitando licença para tratamento de saúde 28 a 31 de janeiro.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Solicito aos Srs. Líderes de Bancada que introduzam no Plenário o Sr. Wilson Santos, Suplente pelo PDS, que irá assumir a Vereança em substituição ao Ver. Rafael Santos, que se encontra licenciado.

(O Sr. Wilson Santos dá entrada no Plenário.)

Convido o Sr. Wilson Santos a tomar assento em sua Bancada e informo ao Plenário que, já tendo S.Exa. prestado compromisso regimental nesta Legislatura, fica dispensado de repeti-lo nesta oportunidade, nos termos do s 2º, do art. 5º, do Regimento Interno.

Declaro empossado o Sr. Wilson Santos e informo que S.Exa. deverá integrar a Comissão de Economia e Defesa do Consumidor.

A seguir, solicito à Sra. 1ª Secretária que procede à leitura dos Requerimentos de Voto de Congratulações.

 

A SRA. 1ª SECRETÁRIA: Sobre a mesa, Voto de Congratulações dos Vereadores:  Bernadete Vidal, com o Dr. Marco Antonio Bertoglio, pela sua posse na nova Diretoria da ACERGS; Caio Lustosa, com Carlos Aveline - Presidente da AGAPAN - S. Leopoldo, por ter sido designado membro integrante da Mesa Diretora do Centro de Ligação para o Meio Ambiente; Hermes Dutra, com o Administrador Heroni de Assunção Jacques, pela sua eleição como Presidente do Conselho Federal de Administração; Jaques Machado, com a RBS, por doação ao Hospital da Criança Santo Antônio; Nei Lima, com os municípios de Campo Bom, Bom Retiro do Sul e Guarani das Missões pela passagem de seus aniversários de emancipação política; Teresinha Chaise, com a Srta. Maria Balbina Alves, pelo título conquistado de Rainha do Carnaval/87.

 

A SRA. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam os Requerimentos ora apregoados permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADOS.

Solicito à Sra. 1ª Secretária que proceda à leitura dos Requerimentos de Voto de Pesar.

 

A SRA. 1ª SECRETÁRIA: Sobre a mesa, Requerimentos de Voto de Pesar dos seguintes Vereadores: Isaac Ainhorn, pelo falecimento de Magda Guimarães Miranda; Frederico Barbosa, pelo falecimento do Dr. Antônio Ricardo de Medeiros; pelo falecimento de Alfeu Costa; Jaques Machado, pelo falecimento de Mariane Kappel Comerlato; Mano José, pelo falecimento de Wenceslau Antunes; Nei Lima, pelo falecimento de João Carlos Silva; Raul Casa, pelo falecimento do Desembargador Celso Afonso Soares Pereira; Werner Becker, pelo falecimento do Sr. Manoel Tavares da Silva.

 

A SRA. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam os Requerimentos ora apregoados permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADOS.

Solicito à Sra. 1ª Secretária que proceda à leitura dos Pedidos de Informações.

 

A SRA. 1ª SECRETÁRIA: Sobre a mesa, Pedidos de Informações dos seguintes Vereadores: Hermes Dutra, acerca das pessoas designadas para exercer Assessoria Municipal; Caio Lustosa, solicitando informes acerca do número total dos chamados “Banco 24 horas”; Hermes Dutra, sobre quais as linhas de ônibus atualmente operadas pela Cia. Carris Porto-Alegrense; Ignácio Neis, solicitando informes acerca das tratativas a respeito do convênio do Hospital Pronto Socorro; Antonio Hohlfeldt, acerca da existência ou não de Plano de Preservação do Meio Ambiente Natural em Porto Alegre; e acerca do alvará da empresa Argamassa Tupy;

 

A SRA. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam os Pedidos de Informações permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADOS.

Srs. Vereadores, está Presidência informa que, a seguir, a Sra. 1ª Secretária fará a leitura do Substitutivo ao PLE n.º 5/87. Como o Substitutivo vai ser apregoado agora, começa a correr Pauta ao término desta Sessão. Eu pediria aos Vereadores que se inscreveram para a Pauta desta Sessão que se inscrevem novamente para a Pauta, então, da Sessão Extraordinária.

 

O SR. ANDRÉ FORSTER (Questão de Ordem): Sr. Presidente, gostaria que a Mesa considerasse essa questão de Pauta, automaticamente, por Sessão Extraordinária.

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Nobre Vereador, desde que todos os Vereadores concordem, não há problema. A palavra com a Sra. 1ª Secretária.

 

A SRA. 1ª SECRETÁRIA: (Lê.)

“Substitutivo

Fixa os valores de tarifas, face aos estudos procedidos pelo Ministério de Desenvolvimento Urbano, para o sistema de transporte coletivo por ônibus em Porto Alegre e dá outras providências.

Art. 1º - O reajustamento das tarifas para o sistema de transporte coletivo por ônibus no município de Porto Alegre, conforme indicação do Ministério de Desenvolvimento Urbano (em percentual máximo de 81,25%), é fixado com os seguintes valores:

I - para o serviço convencional de transporte, a tarifa social de Cz$ 2,20;

II - para o Sistema Integrado de Operação do Corredor da Av. Bento Gonçalves, em sua área de influência, a tarifa de Cz$ 2,00;

III - para a linha Circular na Área Central C1, a tarifa de Cz$ 2,00.

Art. 2º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário.”

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito a Sra. 1ª Secretária que proceda à leitura de um Requerimento, que está sobre a mesa.

 

A SRA. 1ª SECRETÁRIA: De autoria do Ver. Isaac Ainhorn, Requerimento de realização de Sessão Solene em homenagem a José Pedro Goulart e Jorge Furtado Filho pela premiação do curta-metragem “O Dia em que Dorival Encarou a Guarda.”

 

O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Quero lembrar à Mesa que deslizes desta gravidade podem criar um problema sério à condução dos trabalhos. A Sessão Extraordinária é para correr pauta.

 

O SR. PRESIDENTE: Quero lembrar ao nobre Vereador que estamos em Sessão Ordinária. A Extraordinária ainda não iniciou.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Mas de qualquer maneira a convocação é específica.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós temos votado normalmente de acordo com entendimento, inclusive, das lideranças.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: O Ver. André Forster levantou a Questão de Ordem entendendo - e eu concordei - que as inscrições em Pauta fossem mantidas para a Sessão Extraordinária. Pergunto se o Substitutivo está correndo Pauta na Ordinária.

 

O SR. PRESIDENTE: Não está correndo Pauta, foi apregoado.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sou grato.

 

O SR. IGNÁCIO NEIS (Questão de Ordem): Parece-me que o Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn não é costumeiro no período de 15 de dezembro a 15 de março. Não cabe votar este tipo de Requerimento e não é conveniente politicamente discutirmos. Gostaria que o Vereador o retirasse e apresentasse em 15 de março esse tipo de questão. A partir de hoje, passarei a apresentar uma série de pedidos para estas Sessões.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Não pretendo gerar uma controvérsia sobre o assunto. Há necessidade de a Casa preparar as Sessões com antecedência; de outra parte, poderia ser votado, por exemplo, até na Comissão Representativa desta Casa. Acho que não há inconveniente algum em ser votada uma matéria desta natureza. Estaríamos perdendo tempo com a discussão, pois se trata de uma homenagem justa e merecida a dois jovens gaúchos, que foram grandemente prestigiados no cenário internacional.

Outrossim, mediante contato com a Assessoria de Relações Públicas desta Casa, desejo deixar claro que todas as Sessões desta natureza serão realizadas a partir de março.

Quero que as notas taquigráficas sejam bem claras quanto ao teor do Requerimento.

 

O SR. MANO JOSÉ (Questão de Ordem): Requero que a Mesa dê, novamente, ao Plenário, conhecimento sobre o que está sendo votado.

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito à Sra. 1ª Secretária que leia novamente o Requerimento.

 

(A Sra. 1ª Secretária faz a leitura.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

A seguir, passaremos ao período de

 

EXPLICAÇÃO PESSOAL

 

O Ver. Hermes Dutra está com a palavra.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na verdade, acho que quem tem que dar explicações para a opinião pública é o atual Governo Federal, de forma muito particular os tecnocratas do PMDB, que estão levando o País a se tornar um grande ponto de interrogação. Se é verdade que até a forma geográfica é semelhante a um ponto de interrogação, não é menos verdade que o País não pode parar. E nós estamos assistindo, estarrecidos, a uma série de empurrões com a barriga dos problemas fundamentais da Nação, de forma que a situação que nós temos, hoje, é a seguinte: os grandes conglomerados nacionais e multinacionais estão com seus armazéns abarrotados de estoque à espera do aumento de preço. Se V.Exa. quiserem adquirir qualquer bem durável, só com muita sorte o encontrarão, porque estão estocados a espera de um aumento. O Governo parece que, querendo que isto aconteça, anuncia todos os dias que amanhã vai dar um realinhamento de 20%. Ora, não é mais possível continuarmos assim. Se o Governo entende que tem que aumentar preços, que aumente de uma vez, mas não fique deixando a população brasileira nesta verdadeira angústia, sem ter o que comprar, com dificuldades imensas até de se organizar em termos de viver normalmente o seu dia-a-dia, dado que não há mais autopeças, não há mais bens duráveis e já começam a faltar itens de alimentação industrializada. Estes são estocados, ao passo que o produtor, o que planta arroz, feijão, este, porque não tem dinheiro para estocar, é obrigado a colocar o seu produto à venda, sendo os seus estoques dilapidados diariamente por filas e filas de especuladores que vão aos macros atacados e aos supermercados e compram - basta ir lá e olhar - quilos e quilos de arroz, feijão, de bens que são produzidos pelo médio e pequeno produtor nacional. Não é à toa que a cidade de Porto Alegre, hoje, foi tomada por equipamentos que, na maioria das vezes, o porto-alegrense nem sequer conhece. Eram máquinas grandes, pequenos tratores que se deslocaram dos mais longínquos locais do Rio Grande  para vir aqui, não dar o grito do campo, porque o grito do campo tornou-se no embrulho do campo, como se tornou o embrulho do cruzado na eleição do ano passado - vieram aqui pedir pelo amor de Deus que o Governo pelo menos trate os produtores não da mesma forma como trata os banqueiros porque seria pedir benesses demais. Mas que os trate como gente, que não os faça empréstimos pelo Banco do Brasil e juros quase de mercado e lhes compre a produção para pagar em quatro vezes, e hoje anunciaram - Sr. Jarbas Machado, Suplente de Senador do PMDB, apareceu como grande pai da agricultura porque conseguiu com que o governo antecipasse o pagamento de duas prestações. Isso é teoria do bode. O Governo enviou cinco bodes. Como todo mundo reclamou, ele retirou três, mas deixou dois fedorentos, sujos, a atrapalhar a produção rio-grandense. E isso ninguém vê e ninguém olha porque, lamentavelmente, só se fala na nova administração, no secretariado do Governador Pedro Simon, na briga entre Ulysses Guimarães e Fernando Lyra para a Presidência da Câmara dos Deputados e para a Assembléia Nacional Constituinte, e o Governo, interessadamente, deixar fluir estas notícias com a absoluta tranqüilidade, pelos meios de comunicação, porque isto tira espaço até para os prepostos e afeta, sobretudo, a raiva que já começa a tomar conta das pessoas. Tentem V.Exas. comprar um pneu na Cidade, para ver o que lhes acontece. Tentem V.Exas. comprar uma bóia de carburador para automóvel. Se conseguirem, mandem “xerox” da cópia da nota para o Sr. Funaro para ele ver onde anda o congelamento de preços. São sobre estas coisas que nós não podemos mais calar, nós temos que reclamar. Temos que dizer: eu sei que eu vou ouvir a resposta, mas nos últimos 20 anos... O Vereador é do Partido que agüentou a ditadura. Pelo amo de Deus, um erro não justifica o outro.

Então, vejam V.Exas. que a desculpa dos 20 anos de ditadura não pega mais. Não é mais possível continuar assim como está. O Brasil não é laboratório de Universidade para testes de PHD e de graduação em Economia. O Brasil tem um povo que exige ser respeitado. O Senhor barbudinho e o Dr. Funaro que vão freqüentar as universidades estrangeiras para aqui aplicarem as suas teses! Mas larguem, de vez, o povo brasileiro. Deixem o produtor gaúcho arar a terra para nela lançar a semente e conseguir colher aquilo que vai alimentar a nossa Cidade.

 

O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, só quero lembrar que, talvez por patriotismo, V.Exa. ainda acreditou mais tempo do que eu, pois eu aprendi que patriotismo não se faz só com esperança.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sou grato a V.Exa., e o Ver. Werner Becker me faz uma cobrança, com razão, porque, quanto ao Plano de Cruzado, eu fui defender o mesmo e o Ver. Werner Becker, embora sendo, na época do PMDB, dizia que era um plano fio e eu, que não era do mesmo partido, defendia o mesmo. Veja, Sr. Presidente, com que autoridade moral eu acreditei no Plano Cruzado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em Comunicação de Líder, com a palavra com o Ver. Clóvis Brum, pelo PMDB.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, com que facilidade o Líder do PDS na Casa... Sem ficar corado, sem qualquer constrangimento, vem o Líder do PDS, da ARENA, do Governo da Ditadura, defender os seus antepassados e acusar a Nova República. A Nova República, o PMDB, pegou este país em fase falimentar enquanto nos dizeres do Ver. Hermes Dutra se empurrou com a barriga os problemas nacionais. Pois saiba, Ver. Hermes Dutra, que não é verdade. É preferível empurrar os problemas deste país que voltar àquela fase podre que aqui habitou nos últimos 22 anos: de tortura, de cassações, de violência. Aqueles que foram o sustentáculo da ditadura venham explicar às viúvas, aos órfãos, onde colocaram os cadáveres dos seus maridos, dos seus pais, vítimas da violência e dos assassinatos. E mais, por que não congelaram? Por que não deram prêmio para dar alguma esperança ao povo brasileiro? Não. Sempre estiveram a serviço das multinacionais, dos bancos internacionais. Está aí o Sr. Delfim recebendo aviões e aviões de dinheiro. Um deles está aqui no Aeroporto Salgado Filho. É dinheiro que não acaba mais. De onde vem esse dinheiro? Esse dinheiro, exatamente, essa dívida da Velha República, que o governo da ditadura deixou à Nova República.

Temos enfrentado sacrifícios? Sim, temos enfrentado sacrifícios. É fácil fazer um discurso, aqui, de contestação à Nova República. E realmente muito fácil dizer palavras sem apresentar soluções. Onde estão aqueles que nos criticam? Viveram 22 anos no poder, com o poder dos canhões, fechando os parlamentos. Essa mesma liberdade de expressão que tem hoje a Liderança do PDS nós não tínhamos no passado. Onde estavam dois ou três, estava a polícia, estava a violência da ditadura a cassar, a matar, a banir, a assassinar. Por que mataram o Sargento Raimundo Soares? Por que matavam nos porões do Exército em São Paulo? Por que matavam por todo esse Brasil? Gostaria, Sr. Presidente, que, antes de cobrar o que eu acho a atitude corajosa do Governo no enfrentamento da crise do abastecimento, deveriam esses que se locupletaram politicamente com a ditadura, dizer o que fizeram durante esses anos de ditadura neste país. Criticar é muito fácil. Quero ver o que esses que criticam com facilidade apresentam como alternativa. Por exemplo: furou o pacote do Ministro Funaro por isso e por isso, e a solução é esta, esta, esta e aquela outra. Isto é um debate. Mas onde estão as soluções apontadas? É a crítica em nome da crítica. É o discurso banal, é a acusação banal e infundada na maioria das vezes. A Nova República enfrenta dificuldades. Enfrenta muitas dificuldades, e nós queremos conviver com esta dificuldade. O desafio que nos apresenta é saber administrar as grandes dificuldades: o maior endividamento que esse país tem na sua história. O maior endividamento externo e interno que já contraiu. Esta é a herança que recebemos, mas saberemos administrar. Nós vamos sair da crise. Nós acreditamos, sim, nós apostamos na Nova República, sim, e nós chegaremos lá. Nós haveremos de encontrar uma saída para as multidões famintas desse país, sem prisão, sem violência, sem morte, sem cárceres, sem tortura como aqueles que estavam no governo e que podiam fazer isto, que podiam ir para soluções e não foram, mas enveredaram para a violência, a pior das violências, que é a ditadura sanguinária que tem este País. Gostaria que aqueles companheiros que estavam, antes, combatendo a ditadura - e vejo o Ver. Adão Eliseu, extraordinário homem de resistência - nos dêem a mão, agora, para sairmos do grande problema social, mas de maneira democrática, nunca pela violência. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Mano José em Comunicação de Líder.

 

O SR. MANO JOSÉ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a liderança da nossa Bancada fez um pronunciamento que tira a peneira do sol, porque não adianta querer tapar o sol com a peneira. O nobre Líder do PMDB vem à tribuna e faz uma série de questionamentos, com vários quesitos, que poderiam ser respondidos perfeitamente pelo Presidente de Honra do PMDB, Dr. José Sarney, Presidente da República, que era Presidente da ARENA, Presidente do PDS e, hoje, Presidente da República pelo PMDB. Se ele não puder responder, tem o Ministro Chefe da Casa Civil Dr. Marcos Maciel, que poderá responder, o Dr. Aureliano Chaves, o Dr. Antônio Carlos Magalhães, todos eles vindos da ARENA, do PDS e hoje no PFL, mas integrando o Governo PMDB/PFL. Logo, eles poderão responder ao Ilustre Líder do PMDB nesta Casa. E, se não puderam responder, tem ainda o Assessor do Dep. Ulysses Guimarães, o Dep. Prisco Viana, ex-ARENA, ex-PDS, ex-Malufista e hoje assessor do futuro Presidente da Câmara, da Constituinte, assessor do Presidente do PMDB, enfim, do Dep. Ulysses Guimarães, que já é quase primeiro Ministro deste país. Enfim, há muita gente boa que pode responder aos quesitos aqui formulados. E estes quesitos devem ser feitos em um Pedido de Informações ao Governo Federal e, por certo, todos eles serão respondidos. Porém, o que o PMDB tem que responder a esta Casa é por que esta balbúrdia com a Economia que aí está, que estamos vivendo esta coisa que ninguém entende. O Dr. Delfim, do qual eu não era admirador, mesmo porque não entendo de economia, pelo menos vinha a público e dizia que ia aumentar tais e tais coisas; os atuais mentores da economia do Brasil passaram a criar um novo vocabulário. Eles não aumentam nada, eles fazem um realinhamento de preços, e por aí afora. Mas uma coisa não se faz: é o juro bancário correndo às soltas, livremente; disto ninguém faz realinhamento, nem reestudo, nem coisa alguma; e o juro bancário ao bel-prazer dos banqueiros desta Nação. Portanto, nós aqui pedimos esta Liderança apenas para lembrar ao ilustre Líder do PMDB que a morte do Sargento Raimundo Soares também poderá ser explicada pelo atual Presidente da República, Presidente de Honra do PMDB, e que era da ARENA e do PDS, pois, segundo S.Exa., ajudou a matar, a fazer e acontecer. Agora, mudou de rótulo e, segundo o PMDB, mudou de estrutura, dentro dos moldes da Nova República. Peçam a ele, que por certo saberá explicar a morte do Sargento Raimundo e muitas outras “cositas más”, que andaram acontecendo por este país, e que tinha na Presidência da ARENA e do PDS o Exmo. Sr. José Sarney. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em Explicação Pessoal, com a palavra o Ver. Mano José.

 

O SR. MANO JOSÉ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta Casa deverá votar, amanhã, um projeto de aumento das tarifas. De minha parte, entendo que a posição dos Vereadores é dificílima, porque o Sr. Prefeito encaminhou para esta Casa um Projeto de Lei aumentando a tarifa de Porto Alegre, baseado em um telex recebido do MDU - Ministério do Desenvolvimento Urbano -, que não apresenta nenhum número a titulo de estudo. Lamentavelmente, a SMT, através de seu titular, que esteve nesta Casa, também não trouxe nenhum estudo para servir de base para que os Srs. Vereadores pudessem a partir daquele estudo, pelo menos aprimorar e apresentar um Projeto ou Substitutivo, a exemplo do que fez o Ver. André Forster, que apresenta um Substitutivo também baseado em que números? Apenas no mesmo telex. É um Substitutivo a exemplo do Projeto baseado em dados empíricos, porque não temos concretamente nada que possa nos dar o ponto de partida de um estudo sério para que possamos votar este aumento de tarifa.

É lastimável que matéria de tamanha importância venha para esta Casa de forma como veio, sem estudo, sem dado, sem nada. E por isso que sustentamos aqui, neste momento, o nosso ponto de vista de que aumento de tarifa deve ser tarefa do Poder Executivo. O Executivo que dê o aumento de tarifa e não ponha a responsabilidade em cima de 33 Vereadores, que não têm uma infra-estrutura na Casa para fazer um estudo sério, capaz de senão agradar, pelo menos não criar sérios problemas, sérias dificuldades ao usuário, ao empresário e ao trabalhador do transporte coletivo de Porto Alegre. É de lastimar, Srs. Vereadores, e lastimo, neste momento, que não se tenha nada. Vamos votar a tarifa de Cz$ 2,90 baseados em quê? Baseados no telex do MDU. Vamos votar a tarifa de Cz$ 2,20, do Ver. André Forster, baseados em quê? Num telex do MDU, que não diz nada. Que não manda estudo nenhum, que não manda dados para esta Casa. E nós teremos que votar. E nós teremos que mexer no bolso do trabalhador. E nós teremos que negar o aumento de salário para os rodoviários de Porto Alegre. Esta é uma situação que nós classificamos de calamidade. Está na vontade, está na consciência de cada um dos Srs. Vereadores. Meterão a mão no bolso dos trabalhadores para tirar mais alguns para o transporte coletivo e, possivelmente, tirar deste trabalhador, da mesa do trabalhador um pedaço de pão da boca de seu filho. Mas como que esta Casa vai votar se não tem um estudo? Capaz de se basear neste estudo. Que é do estudo do transporte coletivo? O que faz a SMT? Qual a função da SMT? Não é calcular a tarifa de Porto Alegre uma de suas funções? Por que não fizeram este cálculo? A nossa proposição, embora desta tribuna apenas, é que a Câmara não votasse o aumento de tarifa, mas devolvesse ao Executivo o Projeto, e o Executivo que dê, com a sua responsabilidade, o aumento que bem entender já que não existem números, já que não existem dados capazes de fazer com que o Vereador, conscientemente, estude e vote na hora da votação do Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, em Comunicação de Líder, o Ver. Cleom Guatimozim.

 

O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós vimos hoje, pela manhã, um movimento novo de veículos. Desta vez não eram automóveis que desfilavam nas avenidas principais, mas as máquinas, os tratores e os caminhões dos produtores, que ainda se encontram na Cidade, contra a política de apagar incêndio do Governo Federal. Ao ler os “slogans” colocados em cada caminhão, em cada máquina, podia e pode ainda o cidadão fazer um curso de pós-graduação em abastecimento neste Estado que já foi o celeiro do Brasil e que agora não é mais. O descontentamento geral com a política de apagar incêndio do Governo Federal por parte das classes produtoras estava escrito nas faixas, nos “slogans”, que traziam. “Funaro, assim eu paro”: diziam os produtores de leite. “Plante para comer e não para vender”: dizia a faixa dos produtores de arroz. Essa política nociva do Governo Federal de importar arroz, quando havia um excesso no Estado, é um absurdo. Enquanto cem mil toneladas de cebolas apodreciam nos depósitos, nos silos dos municípios produtores, o Governo estava importando cebola. Política nociva, destrutiva ao produtor que, com razão, deixa de forma marcante o seu protesto. E eu até estou desejando que eles não voltem para os seus municípios, que eles fiquem aqui em vigília. Que eles fiquem aqui vigiando a política do Governo Federal e exigindo, com sua presença, uma modificação, principalmente da política de exportação.

Ora, Srs. Vereadores, o abastecimento do mercado interno, quando há excesso de produção, deve, inclusive, baixar o preço. Esta é a lei. Não pode ocorrer por quê? O estoque da cebola e do arroz que estavam retidos nos silos a baixo preço, aqui chegava vindo do Exterior. Em muitos casos, até produtos da pior qualidade. Alguns até contaminados por radioatividade, oferecidos ao consumo da população brasileira a um preço violentíssimo.

Então, a Bancada do PDT, Srs. Vereadores, está solidária com os produtores, no que se refere à política do Governo Federal porque a má situação em que se encontram os produtores se reflete, exatamente, em toda a população, em cada cidadão deste país, e, especificamente, aqui no Rio Grande do Sul. Este Estado, que primeiro foi levado à monocultura da soja, por uma política terrível de destruição, agora nada mais resta do que fazer um protesto destas proporções. Um protesto com os tratores, com as máquinas, com os empregados do campo. Todos desfilando na frente do Palácio Piratini para que o Governador do Estado, que pertence ao mesmo partido político, que tem uma forte influência nas decisões do Governo Federal, possa tomar conhecimento da política de apagar incêndio do Governo de Brasília e que está destruindo a economia brasileira e, especificamente, no caso, a economia gaúcha. Produtores doentes, presentes no desfile; produtores de alho e cebola de São José do Norte, descontentes; os pescadores, aterrorizados pelo tipo de política e orientação dada à pesca.

Concluo, Sr. Presidente, dizendo que a Bancada do PDT está solidária com as reivindicações dos produtores, contra a política econômica e contra a política que fere a economia do Estado do Rio Grande do Sul. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn em Explicação Pessoal.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, assisto hoje e efetivamente foi a intervenção do Líder do meu Partido Ver. Cleom Guatimozim a uma passeata inusitada. Já assistimos a tudo. Passeatas com tratores não são novidade, colheitadeiras no interior do Estado fazendo protesto, até, aí nada de novo, porém o desespero dos produtores rurais chegou a tal ponto, que esses homens vieram à Capital do Estado, com suas máquinas, para fazer um protesto inusitado, trazendo suas máquinas, porque a essa altura o setor primário da nossa economia não está mais trocando dinheiro. Há algum tempo atrás, estavam trocando dinheiro. Agora, começaram a perder o seu dinheiro, a descapitalizarem-se. E, talvez, dentro de pouco tempo, tenham que alienar, vender suas máquinas, até porque essas máquinas, na realidade, a maior parte delas, não estão pagas, estão alienadas ao Banco do Brasil. Esta é a realidade. É o símbolo que marcou esse famoso “maquinaço” na cidade de Porto Alegre, a ida ao Palácio do Governo e colocação de flores no busto do Sr. Getúlio Vargas. Eram outros tempos em que a economia primária era respeitada, havia financiamento, havia uma política agrícola.

Hoje só uma política em defesa de setores da economia internacional dos grandes capitalistas de São Paulo e do Centro do País, aliados ao capital financeiro que tudo quer, voraz, e devorando tudo.

 

O Sr. Elói Guimarães: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Peço este aparte apenas para referir a manifestação do Ver. Flávio Coulon, que não quer ouvir grito. Então, diria a V.Exa. que dê o grito do campo.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sou grato a V.Exa. E de forma muito clara hoje assistimos a mais este protesto na Capital do Estado do Rio Grande do Sul, no Rio Grande do Sul, o celeiro do Rio Grande, que atravessa uma de suas mais graves crises e que os próprios homens não querem ouvir. Não lhes interessa ouvir. Evidentemente, esse assunto não diz respeito ao Ver. Flávio Coulon. É evidente que ele deve estar pagando carne e cem cruzados ao quilo, o que ele quer saber, tem poder aquisitivo para tal. E esta é a política de quem ainda pode, felizmente, comprar carne e cem cruzados o quilo. Porque a autoridade governamental, esta resta impassível, assistindo à desobediência civil nos mais diversos níveis. E com que se preocupa este governo, com o que se preocupou durante esses quatro anos? Esmagar sim. Eliminar do contexto político nacional o maior líder da América Latina, Leonel de Moura Brizola, hoje candidato a Presidente da República. Do jeito que vai, vamos entregar de bandeja. Brizola tinha e tem razão.

Encerro, expressando a solidariedade do meu Partido - já tão bem colocada  pelo Líder do meu Partido - e dizendo que a crise nacional é muito grande. Em termos de economia brasileira, a crise atual é sem precedentes. Antes do Plano Cruzado, a situação já não era satisfatória e, agora, vem o que se está denominando de “repique” e vem com uma força que faz com que ninguém mais segure. Quem sabe a Nova República convoca novamente o Dr. Delfim Neto para substituir o Ministro Funaro para que, com sua sabedoria, encontre uma das fórmulas milagrosas de que é capaz e crie, mais uma vez, o Milagre Brasileiro, que conseguiu sobreviver de 28 de fevereiro a 15 de novembro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Informo ao Plenário que, logo após esta Sessão, teremos duas Sessões Extraordinárias para que o Substitutivo assinado pelo Ver. André Forster sobre o aumento de tarifas possa correr pauta.

Com a palavra, o Ver. Adão Eliseu em Explicação Pessoal.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Flávio Coulon, infelizmente, tem demorado a aparecer neste Plenário e, quando aqui vem, não quer ouvir gritos. Mas estamos esquecidos de que, neste país, ganha mais quem grita mais, até porque se proclamou a independência deste país com um grito que ecoou e ecoará pelo  tempo afora, grito da independência política. Vereadores, eu também me engajo com o tema dos discursos dos Vereadores que me antecederam na tribuna. Há momentos em que certas pessoas, na rua, populares, operários, trabalhadores, funcionários nos encontram e perguntam: “como é, Vereador, o que acha do velho Delfim Neto?” E há momentos em que eles sentem saudades do Delfim, por incrível que possa parecer, porque os tecnocratas deste Governo transformaram a nossa Pátria, o nosso País em um laboratório, semelhante àquele em que os cientistas fazem as suas experiências com os animais. Implanta-se um pacote, não dá certo, não sei por quê. Por incapacidade técnica, se implanta outro pacote que também não dá certo e se fica na expectativa se devemos, ou não, engatilhar a metralhadora. E se fala em metralhadora, se fala em gatilho como nunca se falou no regime militar. É incrível. Não estou defendendo o regime militar, mas se falava menos em armamento, se falava menos em gatilho do que na Nova República, que de nova nunca teve nada e muito menos agora, a ponto de os próprios políticos do PMDB, políticos do Governo, terem um constrangimento em mencionar esta expressão Nova República, que foi uma espécie de eufemismo para engambelar os trabalhadores brasileiros, o povo brasileiro - por que não dizer?

 

O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu concordo com o que V.Exa. disse até agora. E o mal é muito mais grave, porque parece que contaminou o País inteiro, inclusive até a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, que também andou embrulhando alguns pacotinhos que eu ouvi dizer que não vão dar certo e vão estabelecer uma enorme confusão na cidade.

 

O SR. ADÃO ELISEU: É, V.Exa. pode até ter razão. Acontece que nós curamos o mal com o próprio mal e o bem, com o próprio bem. É um princípio científico da homeopatia. Tem que curar o mal com o próprio mal. Se, neste país, o Governo, na calada da noite freqüentemente nos faz passar pela garganta pacotes, através de decretos, por que não também o Governo Municipal, para sobreviver, não deveria fazer a mesma coisa, usar as mesmas armas. Acho Ver. Werner Becker, errado o uso deste instrumento. Mas há momentos em que nós devemos usar o princípio da legítima defesa, que V.Exa. conhece melhor do eu: uso das mesmas armas.

 

O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu só queria dizer, Vereador, que pacotão, pacote, pacotinho dá na mesma nojeira. Quando a gente vai abri-los, sabe o que tem dentro...

 

O SR. ADÃO ELISEU: E, para finalizar, Sr. Presidente, eu quero dizer que, para sobrevivermos neste país de pacotes, de decretos, como diria o poeta, falecido no Rio de Janeiro, J.G de Araújo Jorge, muitos, por vício, às vezes comem, e outros nem o vício têm de comer, porque, não o conseguindo fazer, criaram o vício em si mesmo de comer a comida, a alimentação adequada a sua sobrevivência. O trabalhador brasileiro, o povo mais carente, Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Estas são as razões pelas quais nós nos engajamos nos discursos proferidos, nesta tarde, pelos Vereadores que nos antecederam. Sou grato.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em Explicação Pessoal o Ver. Antonio Hohlfeldt, que desiste. A seguir, a palavra com o Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o assunto já foi trazido à tribuna e está relacionado com o movimento dos produtores gaúchos, dos produtores primários, que dos seus rincões trazem à Capital as máquinas e os implementos agrícolas, por assim dizer, dando continuidade àquele movimento de que eu e o Ver. Flávio Coulon participamos: o grito do campo. Quando falo eu e o Ver. Flávio Coulon,  quero me referir aos nossos partidos, o meu e o do Ver. Flávio Coulon, que são partidos de oposição à ditadura, à ditadura que amargurou a vida deste país, que jogou o país numa situação econômica de absoluta insustentabilidade.

Pois, Srs. Vereadores, decorrido um pouco mais de um ano, a situação não se modifica, continua a mesma, e a transição a que assistimos neste país e para a qual demos a contribuição - toda a sociedade brasileira deu a sua contribuição - ainda não disse o por que veio, por que está.

Vejam V.Exas. que a transição, fruto do grande movimento que se fez neste país através das Diretas-Já, este governo de transição pratica, em toda a sua extensão, a política anti-nacional e anti-popular que praticava a ditadura. O que valeu, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, toda a mobilização nacional na busca da extinção do autoritarismo, se o autoritarismo está presente, expressado hoje na cidade de Porto Alegre por um grande movimento da produção primária do Rio Grande.

Se tomarmos os dados econômicos, se consultarmos o desempenho dos setores financeiros, a correção dos custos financeiros, vamos constatar que a situação hoje é bem pior daquela que vivíamos há três anos atrás e que era comandada pelo Ministro Delfim Neto. Hoje os juros bancários estão na ordem de 800% ao mês. São dados absolutamente fantásticos. A correção do dinheiro é de vinte e poucos por cento ao mês. Estão aí nos engenhos dos estoques; a produção está iniciando uma nova safra, e os produtores, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não têm financiamento porque este país está parado. Os produtores não têm financiamento para a produção e, criminosamente, há três meses atrás se importava arroz, enfim produtos básicos que as lavouras gaúchas e brasileiras estavam produzindo. Pois bem: estão aí os estoques e não há recurso, não há financiamento. Não há financiamento para a desestocagem e não há financiamento para a lavoura cuja preparação nos aproximamos. Então, estão aí, vindos de 200, 300, 400, 500 quilômetros, as máquinas e os implementos agrícolas numa demonstração de que a situação do nosso campo, a situação do interior gaúcho e, de resto, a situação brasileira, é insuportável. A vida da cidade, sabemos muito bem, estamos vivendo-a a todo o instante. Pois a situação da produção primária está passando por momentos que o movimento de hoje bem demonstra, com as máquinas desfilando em plena avenida.

Então, fica aqui, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, demonstrando a todo o País com que força se montou um esquema para compor a Assembléia Nacional Constituinte com conservadores. Eu não sei a quem vão entregar este país. Será entregue, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a interesses que não nacionais. Porque a Constituinte que se montou, com grande força, foi entregue a conservadores. Examinem as últimas eleições, peguem a lista dos políticos eleitos  e vejam quem foi que ganhou. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos da presente Sessão e convoco os Srs. Vereadores para a Sessão Extraordinária a seguir.

Estão levantados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 15h44min.)

 

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